segunda-feira, 23 de julho de 2018

Plural: Preservar a memória de um bairro

          
       Nos dias 21 e 22 de Julho ocorreu o Plural: criatividade, inovação e ocupação, evento realizado pela revista Voz e o Sistema Jangadeiro. Nele ocorreram diversas atividades, dentre elas palestras e debates, que seguiam 6 eixos principais: cultura, sustentabilidade, saúde, empreendedorismo, futuro e cidade. 



   O Grupo de Estudos e Pesquisas Rastros Urbanos esteve presente no evento, o coordenador do grupo Tiago Cavalcante participou como mediador do painel: "Preservar a memória de um bairro", do eixo cidade, que contou com as falas de Isabel Maria e Sérgio Rocha, ambos moradores do Poço da Draga que trouxeram um pouco de suas vivências como membros da ONG Velaumar e como moradores de uma comunidade que possui mais de 112 anos de resistência para manter-se viva como uma memória importante da cidade de Fortaleza. O painel ocorreu no segundo dia de evento (22/08) no restaurante Mambembe.



      O professor Tiago iniciou o painel, que ocorreu como uma roda de conversa entre os participantes, em seguida houve a fala dos moradores. Todos trataram da memória como uma importante ferramenta de luta e resistência de um povo, entendendo que a memória também é coletiva.
    Isabel trouxe bastante da história do Poço mostrando a força que uma comunidade pode ter quando se une em prol de uma causa comum, no caso do Poço, trata-se de perpetuar a existência de um local que há muito tempo vem sendo alvo do poder público que busca desintegrar, isolar e fazer com que esse lugar corresponda aos interesses sócio-econômicos das classes dominantes. Sérgio trouxe muito da importância da vivência como fator que deve ser tido como primordial para elaboração das políticas públicas e da separação dos territórios, também tratou de como os rótulos possibilitam criar todo um imaginário que corresponde a objetivos de classe, seja na mudança do logradouro do Poço da Draga para Centro ao invés de Praia de Iracema (bairro nobre de Fortaleza) que é onde ele realmente pertence ou através de nomenclaturas como comunidade, favela, etc... que falam muito sobre a busca de invisibilizarão e marginalização de um local pelo poder público, local esse de grande importância histórica para cidade de Fortaleza. As memórias que dizem muito sobre uma cidade, parecem banais frente aos interesses econômicos.






        Para finalizar, é importante lembrar que o Grupo Rastros Urbanos, através do seu projeto de extensão, tem buscado resgatar e apresentar um parte dessas memórias tão ricas que encontram-se no Poço da Draga, fazendo uso das fotografias dos próprios moradores como meio de contestar o direito a cidade que a eles pertence e demostrar como esse lugar é único e permeado de sensibilidades e subjetividades que se constroem através dessas memórias.

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